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Coronavírus, sanidade mental e treinos

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Coronavírus, sanidade mental e treinos

Os últimos dias têm sido difíceis para todos nós. Muitas dúvidas, pânico, incerteza e por incrível que pareça falta de rotina. Agora está nos sobrando tempo. Imagino que você sempre queria um pouco mais de tempo mais para as vezes descansar, para namorar e para trabalhar mais.
Com a atual resultante de isolamento social provocada pelo coronavírus, nos sobrou mais tempo e praticamente todos foram obrigados adaptar suas cargas de trabalho. Para uns o trabalho continua, afinal é possível fazer “home office”, mas de qualquer forma ainda há ganho no tempo, pois não é necessário despendê-lo com deslocamento de carro ou transporte de ida e volta ao trabalho. E agora que temos o tempo extra que sempre desejamos o que fazer com ele? Sair não pode, viajar também não é viável, ir as compras não é possível aqui em São Paulo devido ao fechamento compulsório dos shoppings, treinar nas academias que tem um viés social muito forte além do treinamento, também não é possível e nem prudente caso aja essa disponibilidade.

Apesar de estarmos mais próximos de nossa família, certamente estamos muito mais consigo mesmo, nossos pensamentos bons e ruins e dos nossos sentimentos. Isso tem sido fácil para você? É difícil ficar com você mesmo?

Desde os 6 anos eu tive que aprender a ficar sozinho. Minha família era pequena e meus parentes moravam em bairros mais distantes, pois meus pais optaram por morar perto do hospital onde trabalhavam. Quando tinha 5 anos a família diminuiu, meu pai faleceu num acidente de motocicleta. Daí para frente, bravamente minha mãe seguiu em frente cuidando do único filho. Com uma situação financeira contida, porém não escassa, minha mãe se viu obrigada a me ensinar já aos 6 anos a ficar sozinho em casa, para que ela pudesse trabalhar. Ela fazia plantões pelas manhãs até 13h, e as vezes fazia atendimentos de enfermaria particular na casa de alguns pacientes, mas eu ficava sozinho em alguma sala enorme das lindas casas que íamos próximas do hospital que ela trabalhava no bairro do Morumbi em São Paulo. Em casa, havia uma vizinha portuguesa que tinha as chaves de casa e ficava de olho em mim, mas eu ficava sozinho em casa, com minha lista de tarefas domesticas e educacionais. E tinha que apresentar para minha mãe quando ela chegasse. Lembro que fazia quase tudo nas últimas horas antes dela chegar.

Talvez por não compreender o turbilhão de sentimentos da época, eu tinha medo da morte, medo do escuro, medo do futuro. Ficar sozinho era dolorido no início, pois tinha que lidar com os meus próprios desesperos e controlá-los da maneira que soubesse, no auge da imaturidade e ingenuidade de uma criança.

Nunca foi uma história triste para mim, apesar da perda de alguém tão importante para nós, a vida foi seguindo e a dor diminuindo. Acredito que pela idade também foi mais fácil lidar, e principalmente ficar sozinho fez com que eu me conhecesse cada dia mais e mais. É claro que minha mãe percebia meus medos e por isso o esporte entrou cedo em casa. Aos 6 anos ganhei minha Caloi Cross BMX azul e branca, aos 7 anos eu nadava, aos 8 anos capoeira, e dos 9 aos 14 anos patins in-line era minha paixão. Ia para as pistas, construía rampas e me divertia a até competia. Meus amigos e eu queríamos fazer as manobras das revistas. Com o tempo, veio a bicicleta aro 26 que usada como transporte para faculdade, e alguns passeios sozinho e em grupo.

Ficar sozinho e lidar com medos, incertezas e com os próprios sentimentos não foi uma escolha para mim, assim como não têm sido para todos nós nesse momento.

Hoje, correr durante dias em expedições, ficar no meio do nada sem praticamente apoio, dormindo na floresta escura e muitas vezes inóspita, como já fiz no Adventure World Series Belize 500km e na serra de Cunha no Terra de Gigantes 500km se torna uma opção e um prazer.

O amor pela prática de atividades físicas teve uma raiz muito forte pra mim, afinal ela sempre me ajudou a clarear as ideias e focar nos próximos passos, independente da dor. Os exercícios me fazem compreender o ciclo da vida com mais leveza: amor, tempo e morte.

Desejo com essa mensagem levar a você nesse momento de sensibilidade emocional e social, a recomendação da prática de exercícios físicos para controlar suas emoções e trazer o racional na dosagem certa, sem perder a intuição.

Pratique a atividade física que lhe dá mais prazer, seja ela qual for, mesmo que não esteja na moda ou nas mídias sociais. Não julgue essa prática fácil ou simples demais, não julgue ser fraco ou forte demais, apenas a pratique para sua saúde geral.

Faça seu treino, e logo após, APENAS após cada sessão de treinos “sinta” a beleza oculta embutida dentro de você. E guarde esse sentimento para te motivar e lembrar de sentir novamente após a próxima sessão.

Agora uma ressalva técnica. Em decorrência da baixa da imunidade provocada por cada sessão de treino em nosso organismo de forma natural, recomendo que esse treino seja de baixa a moderada intensidade (sensação de esforço) e baixo volume de estresse (duração do treino), algo em torno de 20 a 45minutos, dependendo do seu nível de experiência com a atividade física.

PS: Me apossei de algumas palavras ou personagens ou ilusões (a melhor descrição é por sua conta) do filme de David Frankel com o excelente roteiro de Allan Loeb, no “Collateral Beauty – We are all connected”, traduzido como Beleza Oculta. Se você quiser aproveitar o tempo assistindo algo muito bacana, está aí minha recomendação.

Bons treinos.

OBS: Nem preciso dizer que os treinos presenciais da Teiú estão congelados também neh?! Retomaremos os treinos presenciais (sábados e domingo) em Abril ou caso o cenário fique favorável. Os treinos on-line estão a todo vapor.

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