Provas

Terra de Gigantes 2017

Praticamente duas semana após a corrida de aventura de 180km do Terra de Gigantes, com a cabeça fresca e machucados tratados, vou relatar como foi essa experiência:

 Organização pra prova

Terra da Gigantes é como participar de uma prova com características de mundial de corrida de aventura (ARWC), pois semanas antes do evento já havia informações técnicas das distâncias percorridas com detalhes como altimetria parcial, itens obrigatórios disponíveis nos ATs  (áreas de transições), tempos estimados para cada trecho da prova, além da logística sem apoio próprio e através de caixa bike (ou mala bike) na qual todos os itens pra transição tem que estar lá na caixa com a bike que tem que ser montada durante a prova, tornando automaticamente uma transição mais lenta.

Chegada ao Hotel Promenade Angra dos Reis

Rolou aquela confraternização com os colegas de corrida e aproveitei pra comprar o livro do Caco Fonseca, Corrida de Aventura: A Natureza é nosso desafio, da Editora Labrador, na qual estou adorando e me identificando com algumas situações.

O Briefing e entrega dos mapas (5 no total) foi numa das grandes salas de convenção do hotel com excelente estrutura de apresentação. Com os mapas nas mãos fomos pro quarto traçar os mapas que não marcavam com as canetas marca textos, causando uma mudança no meu padrão de desenhar no mapa, pois só fixava as canetas marca DVD! Terminamos relativamente cedo por volta das 23h. Terminei de arrumar as roupas e demais itens como anorak, água e comida. E fui dormir!!

“Quero fazer um convite pra você conhecer o Clube Teiú, com treinos presenciais organizados, sinalizados e divididos por níveis de participantes, além de benefícios”

Prova – Canoagem #1

A largada rolou na praia ao lado do hotel Promenade com uma corrida de uns 50 metros até os caiaques pra remarmos os 36 km pelas lindas ilhas de Angra. Largamos muito bem com os ponteiros e ali ficamos revezando por uns 30 minutos a liderança e vácuo dos adversários, quando sentimos que ambos estavam remando tranquilo era possível colocar um ritmo mais forte até o PC1 e conseguimos manter a liderança folgada até o PC2. Quando estávamos chegando nesse PC2 vimos dois atletas correndo pela praia indo pro meio dela e retornando pro mato. Achamos naquele momento que fossem os solos, pois não havia ninguém na nossa frente. Tiramos a foto no PC2 pois não havia picote (deve ter sido subtraído pelos locais), e seguimos pro PC3. Quando estávamos chegando no PC3 vimos uma dupla saindo da praia e percebemos que era nossos concorrentes diretos, que tiveram uma estratégia diferente de todos os participantes da prova remando por dentro da ilha do PC2, descendo na praia, atravessando a ilha até o PC, retornando ao outro lado do ilha e seguindo remando por dentro. Nisso eles devem ter ganho uns 15 minutos de vantagem. Acredito que faltando uns 15 km de canoagem, comecei a ficar enjoado devido ao balanço da ondas do mar aberto (PC2 pro PC3), então me concentrei no horizonte e segui remando firme. Faltando uns 2 km pro final da canoagem, impomos um ritmo mais forte e pegamos a dupla Soul Monsters nos últimos metros da praia chegando no PC4.momento que fossem os solos, pois não havia ninguém na nossa frente. Tiramos a foto no PC2 pois não havia picote (deve ter sido subtraído pelos locais), e seguimos pro PC3. Quando estávamos chegando no PC3 vimos uma dupla saindo da praia e percebemos que era nossos concorrentes diretos, que tiveram uma estratégia diferente de todos os participantes da prova remando por dentro da ilha do PC2, descendo na praia, atravessando a ilha até o PC, retornando ao outro lado do ilha e seguindo remando por dentro. Nisso eles devem ter ganho uns 15 minutos de vantagem.

 

Trekking #1

Saimos num ritmo forte em primeiros no trekking, mas perdemos toda vantagem conquistada na canoagem e no começo do trekking na navegação do inicio da ascensão pro Pico do Frade, perdermos pouco tempo, mas suficiente pra varias equipes nos passarem. Quando chegamos no PC5, haviam 2 staffs da prova indicando o inicio do single track que ia pro Frade e Gruta dos Alemães. Disse o numero da equipe (30) e saímos rápidos pela trilha técnica, alcançamos a Competition Aroeira e logo chegamos na equipe Tubaina. Um integrante perguntou ao Thiago se havíamos picotado no PC5 (nos staffs). Fiquei irritado com ele dizendo que eram staffs e que havia dito o número da equipe, mas ele insistiu dizendo do picote, só ai eu parei pra pensar que poderia ser picote mesmo com os staffs. Voltei sozinho correndo alucinado, passando a Competition que confirmou haver picote lá. Quando cheguei no PC5 novamente, fiz questão de voltar nos staffs e dar uma bronca por não ter sido  avisado. Hoje avaliando a situação, percebo quão bacana é esse esporte por questão da ajuda mesmo pra uma equipe que de certa forma é concorrente ali na prova.

Voltamos forte pelo single track e colamos novamente na equipe Tubaina, vale lembrar que na hora esqueci de agradecer, pois se não tivessemos voltado pra picotar teríamos sido desclassifcados. Gostaria de deixar um agradecimento pra equipe Tubaina.

Numa área quase no pé da Pedra do Frade, havia um pequeno rio com algumas quedas d’água e muitas pedras que cruzaram a trilha na qual estavamos seguindo e complicou tudo, pois tivemos que seguir o azimute varando a mata. Felizmente com pouco tempo de perrengue achamos a trilha e seguimos pro PC6. Depois de uma hora neste caminho surgiu uma cruzamento na trilha. Não prestamos muita atenção nesse ponto, pois estava querendo terminar esse trekking ainda de dia e seguimos reto, aparentemente era o caminho correto, estava muita mais aberta e o azimute “até batia”, mas não era o caminho certo. Seguimos até achar uma tenda de caçadores com panelas e cobertores, no entanto sem ninguém pra perguntarmos o caminho para o fim da trilha, então seguimos mais pra frente e finalmente a trilha se fechou. Decidimos retornar e na volta prestando mais atenção na trilha pude perceber que estavamos em uma trilha de palmiteiros, pois havia vários palmiteiros cortados ao meio ao longo do caminho. Passamos da tenda dos palmiteiros e voltamos até o cruzamentos, onde percebemos que havia uma trilha pra esquerda que era o caminho da Gruta dos Alemães, ponto de referência no mapa. Até achamos o Chiquito neste cruzamento e ficamos mais felizes em ver um atleta experiente como ele por ali. Ele também nos disse que as equipes estavam próximas devido alguns erros de varias equipes. Esse notícia foi ótima pra nos animar e tentar recuperar o tempo perdido, mesmo isso sendo no inicio da noite. Chegamos ao final da trilha e caímos numa pista de terra (por incrível que pareça era uma rodovia, mas não me recordo o nome) que daria direto no PC6, transição pra bike. Impomos um ritmo forte e conseguimos passar dois quartetos, algumas duplas mistas e uma dupla masculina, a Soul Monsters.

“Quer se preparar para desafios como esse? Teste por 14 dias o Treinamento de Corrida de Aventura da Teiú”

Bike #Perna Única

Fizemos a transição junto com equipe Quasar Lontra, mas apesar de termos sido rápidos nessa transição que tinha que montar a bicicleta que estava na caixa e se reabastecer praticamente pra todo o restante da prova, eles saíram na nossa frente.

Saímos num ritmo bom. Fizemos uma navegação muito preventiva, prestando muita atenção pra não errarmos e nos mantermos na disputa. Chegamos em mais uma dupla mista num das subidas, mas uma subida daquelas que não acaba nunca. Nesse ponto da prova tive que resolver um desconforto intestinal que já vinha me atrapalhando a algum tempo. Pra minha sorte o Thiago tinha aqueles lenços umedecidos. Uffa, “problem solved”!!!

Pedalamos mais um pouco e logo o sono da madrugada começou a me afetar. Insisti, pedalei mais, até não aguentar mais. Pedi pro Thiago que estava bem pra pararmos, pois já estava arriscado pedalar daquele jeito. Encostei num morrinho ao lado da pista e dormi! Até ouvi algumas equipes passando, mas estava com muito sono pra abrir os olhos e ver quem era.

Nem faço ideia quanto tempo dormimos, mas não deve ter sido muita coisa, pois o frio da madrugada não permitia muito tempo de sono.

Eu fiquei ótimo, e sai num ritmo bom, mas para o Thiago o sono atrapalhou, talvez porque ele não estar com tanto sono como eu estava , dificultando pra ele descansar no frio. Seguimos vários trechos de curtas subidas e descidas até chegarmos numa sequência de “downhill” alucinantes (adoooro), a noite, com muitas pedras soltas e algumas pequenas valas! Ao final dessas descidas e até próximos do PC8 na qual iriamos fazer a transição pro último trekking foi a vez do sono vencer o Thiago, que me pediu pra descansar e é logico que aceitei na hora.

Também não sabemos quanto tempo dormimos, mas não creio que tenha sido mais do que 20 minutos, no entanto suficientes pra seguirmos pro PC da transição com muita vontade.

Ao chegarmos, tivemos que ficar os 20 minutos obrigatórios daquele ponto e organizando as mochilas e equipamentos com calma.

 

Ultimo trekking #2

Ao sermos liberados pelos staffs do PC, saímos correndo num ritmo forte por um trilha de trem que volta e meia abria um visual magnífico da bacia de Angra. Percorremos por cerca de 1(uma) hora, ultrapassado três duplas mistas, quanto caiu a chave geral. Minha energia baixou subitamente e havia ainda umas duas horas naquele percurso. Pra ajudar comecei a ficar nervoso com os galhos que cortavam o rosto, pois como o trilho do trem está desativado a vegetação vem tomando conta, tornando alguns trechos estreitos e arriscados de passar. Aproveitando a palavra ‘arriscado’, atravessamos uns 4 ou mais pontes de trilha do trem de uns 30 a 50 metros de comprimento sobre ravinas enormes, algumas delas até com cachoeiras. Errar um passo ali, era muito perigoso, mas fantástico (rsrs)!!

Segui andando, infelizmente até  diminuindo mais ainda o ritmo em alguns pontos na qual o Thiago estava muito bem, mas sem condições pra mim. Já estava enjoado da comida doce que havia levado. Ao final desse trecho uma dupla mista e acredito que uma duplas masculina, colou em nós!

Como é bom ter um estimulo pra apertar o ritmo. Com gente na cola, resolvi apertar o passo e no ponto onde tínhamos que sair dos trilhos, passamos um pouco e voltamos, mas a turma que estava próxima de nós havia pego o caminho correto. O erro foi rápido, logo sabíamos que havia gente na frente e quando saímos dos trilhos do trem e entramos num estradinha de terra já começamos a correr, ainda mais na descida que seguia pro PC da ultima canoagem e rapel. Na reta empregamos um ritmo forte e pegamos a dupla mista bem em cima do PC que tínhamos pra transição da canoagem, mas não achamos a duplas masculina (se é que havia uma dupla masculina).

 

Canoagem #2

Pegamos rapidamente o caiaque, colocamos no rio que seguia pro canal na frente da dupla mista. Ao invés de seguimos totalmente pra esquerda, achei que a ilha na qual deveríamos pegar o PC11 era uma grande ilha a nossa frente no visual. Remamos até o outro lado dessa ilha e não achavamos o PC. Ao perguntamos o nome da ilha ao pescador que estava de partida na praia, percebi que não estávamos na ilha certa. Fomos pra uma ilha além do programado, desperdiçando tempo e paciência do Thiago que não reclamou, mas ficou quieto o restante do tempo e me colocou pra fazer o rapel que já estava planejado pra ele fazer! Chegamos no PC12 do Rapel que era na extremidade da bacia de Angra, um ponto bem escondido, com água cristalina, rochas arredondas e um pedrão a esquerda que era a descida do rapel e um morro ingrime a direita que era o caminho pra chegar no rapel. O inicio era bem duro de subir, mas depois havia identificação do caminho com fitas zebradas em meio a vegetação. Fiz esse trecho bem lento, pois havia gastado bastante energia no inicio da subida pelo lado errado e tive que volta pra subir pelo lado sinalizado. Nunca havia feito rapel com UTC, e não gostei, é muito lento a descida com ele, é necessário forçar bem o corpo pra trás pra conseguir mais velocidade e desenvoltura na descida. 

Com o Thiago já posicionado pra sairmos da encosta, subi no caiaque e fomos pros 4 km finais até o hotel Promenade que era a chegada da prova. Logico que a dupla mista nos ultrapassou quando fomos pra outra ilha tentar achar o PC11. Mas mesmo assim estávamos remando num ótimo ritmo, pois o que mais desejávamos era chegar pra comer alguma coisa salgada, melhor ainda, um pratão de arroz com feijão!!

Finalizamos a prova completa, longe dos cortes e em 2º lugar nas duplas masculinas.

Nos bastidores do final da prova a dupla Soul Monster disseram que nos ultrapassaram quando estávamos dormindo. Mal sabiam que não foi a única paradinha de sono.

Em provas de média distância como essa (200 km) não é muito comum as equipes de ponta dormirem pra se manterem na disputa. Mas acredito que vale avaliar a situação e fazer uma relação entre sono x ritmo. Vou falar sobre isso em outro momento. Adorei participar do Terra de Gigantes 2017 que além da organização do Philipe Campelo, teve parceria com a Selva Aventura com o Caco Fonseca. Acredito que o evento tenha sido um sucesso, elevando o nível de organização das prova de corrida de aventura do Brasil e o nível técnico dos atletas presentes.

Confira as fotos:

[foogallery id=”332″]

Back to list