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EQUIPE em PROVAS de RESISTÊNCIA – Mountain bike, Corrida de Aventura e Trail Run

EQUIPE em PROVAS de RESISTÊNCIA – Mountain bike, Corrida de Aventura e Trail Run

equipe em provas de resistência

Dani e Lele na chegada do Adventure Camp Caminhos do Mar 2018

Recentemente tenho visto alguns desencontros entre integrantes de equipes em provas de resistência, e por isso resolvi tocar nesse assunto. Vem comigo!!
Na última prova de aventura de São Paulo, Adventure Camp – 1º Etapa Caminhos do Mar, 24/06, uma intensa neblina tomou conta por voltas das 14:30h e impediu o visual a 5 metros. Membros de uma dupla se distanciaram demais nos últimos 2km de prova a ponto de quase chegaram separados devido a forte neblina.
No HakaExpedition 250km em Passa Quatro 2018, no quarteto Teiú Aventura, durante a madrugada fria, decidimos parar pra descansar um pouco antes de atacar um dos picos da prova. Como não estava longe de um PC’s (Ponto de Controle) que dispunha de uma excelente estrutura de apoio, dois integrantes decidiram voltar “rapidinho” pra tomar um café quente e voltar. Os outros dois (eu estava nessa divisão da equipe) tomaram a decisão de ir andando vagarosamente, afinal pensamos: – eles logo nós acharão no caminho. Isso foi o suficiente pra nossa honesta desclassificação, pois os dois seguiram para o PC do Pico, entanto estavamos desencontradas no mesmo caminho. Como dois fizeram o PC (presencial), mas sem os outros dois, ao nos encontrarmos decidimos seguir, mesmo desclassificados, mas a separação “rapidinha” da equipe custou a classificação na prova.
Em provas por etapas no mountain bike como Iron Bike, Brasil Ride e até Cape Epic situações de desencontro também acontecem. Vejam o exemplo Campeão Mundial Nino Schurter da Scott que abandonou o Cape Epic 2018 após seu parceiro Andri praticamente explodir no 2º dos 7 dias de prova.

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Para equipe em provas de resistência, duplas ou quarteto, alguns cuidados devem ser tomados para uma boa prova ou até conclusão dela.

equipe em provas de resistência

Equipe Teiú Aventura no Adventure Camp – Caminhos do Mar 2018

ESCOLHA DA EQUIPE
O principal ponto ao montar um equipe é alinhar as expectativas dos integrantes. Todos estão engajados com qual propósito?! Terminar a prova (mesmo com corte), ir até onde aguentar, andar com 2º pelotão, ou pegar pódio?! Entender se todos estão alinhados e determinados num mesmo objetivo, evita desacordos no meio do percurso, afinal isso já foi alinhado anteriormente.
Caso você tenha sido convidado a integrar uma equipe, verifique se você tem as capacidades pra atender as expectativas do time e não se sinta mal em declinar se o propósito não combinar com o seu estilo.
Outro ponto de grande peso é conhecer o nível psicológico dos participantes. Provas muito rápidas, longas ou de estágios/etapas (mais de 2 dias consecutivos sobre esforço) exige um preparo psicólogo do(s) integrante(s) na qual recomendo já ter sido testado e desenvolvido previamente. Pode ser medo do escuro, receio do frio ou calor, falta de experiência com o corpo próximo do limite físico ou até alimentação para mais de 5 horas de prova. Quando esses limites chegam, e esteja certo que irão chegar, a cabeça tem que estar preparada pra superar limites novamente, caso contrário é fim de prova na certa. Esse é um fator importante para ser alinhado entre a equipe e não deixar os mais experientes ansiosos e nem os iniciantes tensos.

RITMO DE PROVA
MotoclubesGosto do regra dos motoclubes, na qual a moto com menor cilindrada (potência da moto) vai na frente do pelotão (formação dos motociclistas na faixa de rolagem da rodovia) e as motos com maior cilindrada vão atrás. Dessa forma, mesmo em algum trecho que os motociclistas decidam ir mais rápido, todos estarão próximos, porque quem dá o ritmo máximo são as motos com menor potência. Recomendo que na corrida em equipe essa regra dos motoclubes também seja aplicado. E vale ter ciência que o mais forte da turma pode cansar, machucar ou até mesmo estar recuperando o fôlego, logo a formação com o mais fraco a frente varia a cada no momento da prova.
É sempre bom quando um ou dois atletas é mais forte e pode auxiliar o atleta que é iniciante ou que está mais fraco no momento. No entanto, é importante que esses atletas não excedam suas capacidades, comprometendo assim o resultado geral da equipe. Há uma falsa crença que a pessoa auxiliada ou empurrada seja por cordinha ou pela fita na bicicleta está fazendo menos força, quando na realidade ela está fazendo uma força maior do que ela está acostumada, num “overlimit” (acima do limite dela), pois numa situação normal certamente estaria no ritmo menor. Nessas situações, quem estiver auxiliando não pode exceder na ajuda e prejudicar a pessoa auxiliada, fazendo ela passar demais do limite que ela é capaz. Essa “ajuda” deve ser dosada, progressiva e gradual.

REGRAS DA PROVA

José, fiscal da prova MMCA Belize 500km de 2018 (corrida de aventura) e eu na última perna de bike, após cerca de 96h de prova.

Em provas de corrida de aventura, por exemplo, há uma regra que caso os integrantes da equipe estejam a uma distância maior que 100m, a equipe é considerada desclassificada. Em circuitos internacionais há fiscais aleatórios na prova conferindo essa e outras regras. Nas provas de mountain bike de estágios ou etapas, como o Brasil Ride, há uma regra similar, porém com tempo, sendo máximo de 2 minutos entre os integrantes para não haver desclassificação, e em disputas de chegada, vence a equipe (dupla) que chegar primeiro, não o primeiro integrante de uma equipe. Portanto, além de regra para não desclassificar sua equipe, vale lembrar daquele momento da prova que seu companheiro(a) não está tão bem fisicamente e necessita da sua ajuda para carregar sua mochila, de um gôle da sua água ou isotônico, ou até mesmo um incentivo psicológico para continuar a prova.

Ataque a cume da Pedra do Baú

SEGURANÇA
Aproveitando o gancho do tópico anterior, vale lembrar que por medida de segurança, nunca deixe seu companheiro de equipe fora do seu alcance. Tanto um, quanto o outro, pode ter um mal súbito e a ajuda imediata do parceiro será essencial. Pode haver uma queda e se machucar, o equipamento pode se danificar e caso um não esteja no campo de visão do outro, a situação pode se agravar além da pontuação ou conclusão da prova. Regra de ouro para provas: Começamos juntos terminamos juntos, segurança em primeiro lugar.

PACIÊNCIA
Para os atletas mais experientes, recomendo paciência com os iniciantes, lembre-se que você já passou por essa fase e que você pode torná-la mais fácil para seus novos parceiros. E ainda suas atitudes positivas podem ser exemplo para futuras gerações de atleta.
E é claro, para os atletas iniciantes, respeite as regras e decisões do capitão, que por mais que ocorra alguma falha na orientação, sem dúvidas a intenção é sempre das melhores. Quem não comete falhas?!
E complemento dizendo que se a forma de comando da sua equipe não esteja do seu agrado, você tem o livre arbítrio para não integrar mais essa equipe e escolher um time que combine com seus valores e condutas. A escolha é sempre sua!

INVESTIMENTO
Quem assistiu o vídeo acima vai entender o que quero dizer. Há um investimento que você faz para participar de provas: custo de suplementação, treinador, assessoria esportiva, vestimenta, equipamentos, acessórios, inscrição, hospedagem, transporte e esses são apenas os itens que podemos ver ou quantilificar. Ainda há o tempo que você está se dedicando nos treinos, nas escolhas de melhores horários para seus exercícios, o tempo que você opta em estar longe de quem ama para fazer o que você ama também.
Então, ao optar por participar de um time para um prova esteja ciente da sua escolha, e quem convidar alguém para sua equipe também lembre-se das renúncias e investimentos do convidado e ambos devem valorizar isso.
No entanto, vale lembrar que imprevistos acontecem, e devem ser bem aceitos caso boas escolhas anteriores tenham sido tomadas. Imagina quanto (estimo na casa dos milhões de euros) a equipe de mountain bike “Scoot Sram Team” do campeão mundial Nino Schurter e companhia não investiu pra levar 6 atletas, massagens, cozinheiro, administrador, mecânico, auxiliares para o Cape Epic 2018 na África do Sul e teve todos seus atletas fora da prova no 3º dos 7 dias de prova. A equipe ficou sem representação a partir 4º dia do maior evento e mais visto do mountain bike por etapas do mundo. Pensa no peso disso?

Espero que tenha gostado da leitura e caso tenham alguma dúvida ou tema que deseja ser abordado, escreve pra mim: contato@teiuaventura.com.br

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Valeu, semana que vem tem mais…

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